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<span id="parte-i">'''I. Teil'''</span> | <span id="parte-i">'''I. Teil'''</span> | ||
[Creio agora que seria correto iniciar um <meu> livro <s>sobre</s> com observações sobre a metafísica como uma espécie de magia. {{hidden|<sup>18</sup>}} | {{leftaside|ʃ}} [Creio agora que seria correto iniciar um <meu> livro <s>sobre</s> com observações sobre a metafísica como uma espécie de magia.{{hidden|<sup>18</sup>}} | ||
Ao fazê-lo, no entanto, eu não poderia falar a favor da magia nem fazer troça dela. {{hidden|<sup>19</sup>}} | {{leftaside|ʃ}} Ao fazê-lo, no entanto, eu não poderia falar a favor da magia nem fazer troça dela.{{hidden|<sup>19</sup>}} | ||
A profundidade da magia teria que ser mantida. – Sim, pois a eliminação <s>de toda</s> da magia teria aqui o caráter da própria magia.{{hidden|<sup>20</sup>}} | {{leftaside|ʃ}} A profundidade da magia teria que ser mantida. – Sim, pois a {{udashed|eliminação}} <s>de toda</s> da magia teria aqui o caráter da própria magia.{{hidden|<sup>20</sup>}} {{MS reference|(MS 110, p. 177)}} | ||
{{ | {{leftaside|ʃ}} Pois, se eu comecei a falar do "mundo" (e não desta árvore ou mesa), o que teria querido senão encantar com as minhas palavras algo de mais alto?]{{hidden|<sup>21</sup>}} {{MS reference|(MS 110, p. 178)}} | ||
Pois, se eu comecei a falar do "mundo" (e não desta árvore ou mesa), o que teria querido senão encantar com as minhas palavras algo de mais alto?]{{hidden|<sup>21</sup>}} | |||
{{MS reference|(MS 110, p. 178)}} | |||
Deve-se começar pelo erro e convertê-lo à verdade.{{hidden|<sup>22</sup>}} | Deve-se começar pelo erro e convertê-lo à verdade.{{hidden|<sup>22</sup>}} | ||
Isto é, deve-se expor a fonte do erro, senão de nada serve ouvir a verdade. Ela não pode penetrar quando outra coisa ocupa o seu lugar. {{hidden|<sup>23</sup>}} | Isto é, deve-se expor a fonte do erro, senão de nada serve ouvir a verdade. Ela não pode penetrar quando outra coisa ocupa o seu lugar.{{hidden|<sup>23</sup>}} | ||
Para convencer alguém da verdade, não é suficiente constatá-la, mas deve-se encontrar o ''caminho'' do erro para a verdade.{{hidden|<sup>24</sup>}} | Para convencer alguém da verdade, não é suficiente constatá-la, mas deve-se encontrar o ''caminho'' do erro para a verdade.{{hidden|<sup>24</sup>}} | ||
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Eu tenho que mergulhar repetidamente na água da dúvida.{{hidden|<sup>25</sup>}} | Eu tenho que mergulhar repetidamente na água da dúvida.{{hidden|<sup>25</sup>}} | ||
A apresentação que faz Frazer das concepções mágicas e religiosas dos homens é insatisfatória: ela faz com que essas concepções apareçam como ''erros''.{{hidden|<sup>26</sup>}} | A apresentação que faz Frazer das concepções mágicas e religiosas dos homens é {{udashed|insatisfatória}}: ela faz com que essas concepções apareçam como ''erros''.{{hidden|<sup>26</sup>}} | ||
Estava então Agostinho errado quando invocava a Deus em cada página das ''Confissões''? | Estava então Agostinho errado quando invocava a Deus em cada página das ''Confissões''? | ||
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porque caso contrário, segundo as concepções dos selvagens, a sua alma não se conservaria fresca,{{hidden|<sup>29</sup>}} então só se pode dizer: onde estes costumes e concepções andam juntos, então o costume não se origina da concepção, mas ambos já estão de fato ali.{{hidden|<sup>30</sup>}} | porque caso contrário, segundo as concepções dos selvagens, a sua alma não se conservaria fresca,{{hidden|<sup>29</sup>}} então só se pode dizer: onde estes costumes e concepções andam juntos, então o costume não se origina da concepção, mas ambos já estão de fato ali.{{hidden|<sup>30</sup>}} | ||
Pode bem ser, e ocorre muito hoje em dia, que uma pessoa abandone um costume depois que reconheceu um erro sobre o qual ele se ampara. Mas este <s>costume</s> caso só se dá onde chamar a atenção de uma pessoa sobre o seu erro for suficiente para demovê-la do seu modo de agir. Mas este não é o caso dos costumes religiosos de um povo, e, ''por isso'', ''não'' se trata aqui de um erro. {{hidden|<sup>31</sup>}} | Pode bem ser, e ocorre muito hoje em dia, que uma pessoa abandone um costume depois que reconheceu um erro sobre o qual ele se ampara. Mas este <s>costume</s> caso só se dá onde chamar a atenção de uma pessoa sobre o seu erro for suficiente para demovê-la do seu modo de agir. Mas este não é o caso dos costumes religiosos de um povo, e, ''por isso'', ''não'' se trata aqui de um erro.{{hidden|<sup>31</sup>}} | ||
Frazer diz que é muito difícil descobrir o erro na magia – e por isso ela dura tanto – porque, por exemplo, uma conjuração para trazer chuva, deve, mais cedo ou mais tarde, certamente aparecer como eficaz.{{hidden|<sup>32</sup>}} Mas{{hidden|<sup>33</sup>}} então é muito estranho que as pessoas não notem mais cedo que, de todo modo, mais cedo ou mais tarde chove. | Frazer diz que é muito difícil descobrir o erro na magia – e por isso ela dura tanto – porque, por exemplo, uma conjuração para trazer chuva, deve, mais cedo ou mais tarde, certamente aparecer como eficaz.{{hidden|<sup>32</sup>}} Mas{{hidden|<sup>33</sup>}} então é muito estranho que as pessoas não notem mais cedo que, de todo modo, mais cedo ou mais tarde chove. | ||
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Para quem, no entanto, porventura esteja intranqüilo com relação ao amor, uma explicação hipotética é de pouca ajuda. – Ela não vai tranqüilizá-lo.{{hidden|<sup>38</sup>}} | Para quem, no entanto, porventura esteja intranqüilo com relação ao amor, uma explicação hipotética é de pouca ajuda. – Ela não vai tranqüilizá-lo.{{hidden|<sup>38</sup>}} | ||
O aperto dos pensamentos que não podem vir para fora, porque todos querem empurrar-se para a frente e, assim, se trancam na saída. {{hidden|<sup>39</sup>}} | O aperto dos pensamentos que não podem vir para fora, porque todos querem empurrar-se para a frente e, assim, se trancam na saída.{{hidden|<sup>39</sup>}} | ||
Se alguém coloca aquele relato do rei-sacerdote de Nemi junto com a frase ―a majestade da morte‖, vê então que ambos são um só.{{hidden|<sup>40</sup>}} | Se alguém coloca aquele relato do rei-sacerdote de Nemi junto com a frase ―a majestade da morte‖, vê então que ambos são um só.{{hidden|<sup>40</sup>}} | ||
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Queimar em efígie.{{hidden|<sup>46</sup>}} Beijar a imagem da pessoa amada. É ''claro'' que isto ''não'' se baseia na crença em uma determinada efetividade sobre o objeto que a imagem apresenta. Isso só visa uma satisfação, e também a obtém. Ou melhor, isso ''não visa'' absolutamente nada; nós agimos assim mesmo e nos sentimos satisfeitos.{{hidden|<sup>47</sup>}} | Queimar em efígie.{{hidden|<sup>46</sup>}} Beijar a imagem da pessoa amada. É ''claro'' que isto ''não'' se baseia na crença em uma determinada efetividade sobre o objeto que a imagem apresenta. Isso só visa uma satisfação, e também a obtém. Ou melhor, isso ''não visa'' absolutamente nada; nós agimos assim mesmo e nos sentimos satisfeitos.{{hidden|<sup>47</sup>}} | ||
Poder-se-ia também beijar o nome da pessoa amada, e aqui estaria clara a substituição pelo nome. {{hidden|<sup>48</sup>}} | Poder-se-ia também beijar o nome da pessoa amada, e aqui estaria clara a substituição pelo nome.{{hidden|<sup>48</sup>}} | ||
O próprio selvagem, que aparenta matar seu inimigo, cuja imagem perfura, constrói realmente a sua cabana de madeira e entalha artisticamente a sua flecha, e nunca em efígie.{{hidden|<sup>49</sup>}} | O próprio selvagem, que aparenta matar seu inimigo, cuja imagem perfura, constrói realmente a sua cabana de madeira e entalha artisticamente a sua flecha, e nunca em efígie.{{hidden|<sup>49</sup>}} | ||
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{{MS reference|(MS 110, p. 297)}} | {{MS reference|(MS 110, p. 297)}} | ||
instintivas. – E uma explicação histórica do que talvez eu ou os meus antepassados acreditaram antes, de que bater na terra ajudava em algo, são fantasmagorias, são hipóteses supérfluas que ''nada'' explicam.{{hidden|<sup>113</sup>}} O importante é a semelhança do ato com o meu ato de castigar; porém, mais do que essa semelhança, nada se pode constatar. {{hidden|<sup>114</sup>}} | instintivas. – E uma explicação histórica do que talvez eu ou os meus antepassados acreditaram antes, de que bater na terra ajudava em algo, são fantasmagorias, são hipóteses supérfluas que ''nada'' explicam.{{hidden|<sup>113</sup>}} O importante é a semelhança do ato com o meu ato de castigar; porém, mais do que essa semelhança, nada se pode constatar.{{hidden|<sup>114</sup>}} | ||
Uma vez que esse fenômeno é colocado em ligação com um instinto que eu mesmo possuo, então é precisamente esta a explicação desejada «almejada»; isto é, aquela que resolve o puzzlement (perplexidade) particular «esta dificuldade particular». E uma reflexão «pesquisa posterior» sobre a história do meu instinto move-se em outros trilhos.{{hidden|<sup>115</sup>}} | Uma vez que esse fenômeno é colocado em ligação com um instinto que eu mesmo possuo, então é precisamente esta a explicação desejada «almejada»; isto é, aquela que resolve o puzzlement (perplexidade) particular «esta dificuldade particular». E uma reflexão «pesquisa posterior» sobre a história do meu instinto move-se em outros trilhos.{{hidden|<sup>115</sup>}} | ||
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{{MS reference|(MS 143, p. 11)}} | {{MS reference|(MS 143, p. 11)}} | ||
da própria prática «moderna», que nos parece tenebroso, e de que para nós fatos conhecidos de sacrifícios humanos indicam apenas a direção em que devemos ver tal prática.{{hidden|<sup>140</sup>}} Quando falo da natureza interna da prática, me refiro a todas as circunstâncias pelas quais ela é executada e que não estão compreendidas no relato desse festival, pois elas não consistem tanto em determinadas ações que a caracterizam, quanto nas que se podem denominar como o espírito do festival,{{hidden|<sup>141</sup>}} que seria descrito quando se descreve, por exemplo, o tipo de gente que dele participa, seus outros tipos de ação, isto é, seu caráter; o tipo dos jogos que eles costumam jogar. Então se veria que o tenebroso está no próprio caráter desses homens. {{hidden|<sup>142</sup>}} | da própria prática «moderna», que nos parece tenebroso, e de que para nós fatos conhecidos de sacrifícios humanos indicam apenas a direção em que devemos ver tal prática.{{hidden|<sup>140</sup>}} Quando falo da natureza interna da prática, me refiro a todas as circunstâncias pelas quais ela é executada e que não estão compreendidas no relato desse festival, pois elas não consistem tanto em determinadas ações que a caracterizam, quanto nas que se podem denominar como o espírito do festival,{{hidden|<sup>141</sup>}} que seria descrito quando se descreve, por exemplo, o tipo de gente que dele participa, seus outros tipos de ação, isto é, seu caráter; o tipo dos jogos que eles costumam jogar. Então se veria que o tenebroso está no próprio caráter desses homens.{{hidden|<sup>142</sup>}} | ||