Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

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A filosofia não resulta em "proposições filosóficas" mas em tornar claras as proposições.
A filosofia não resulta em "proposições filosóficas" mas em tornar claras as proposições.
A filosofia deve tomar os pensamentos que, por assim dizer, são vagos e obscuros e torná-los claros e bem delimitados.
'''4.1121''' A psicologia não é mais aparentada à filosofia do que qualquer outra ciência natural.
A teoria do conhecimento é a filosofia da psicologia.
Não corresponde meu estudo sobre a linguagem simbólica ao estudo dos processos do pensamento, os quais os filósofos consideram tão essencial para a filosofia da lógica? Eles apenas se confundem na maior parte com investigações psicológicas inessenciais, existindo um perigo análogo para meu método.
'''4.1122''' A teoria de Darwin não tem mais a ver com a filosofia do que qualquer outra hipótese das ciências naturais.
'''4.113''' A filosofia delimita o domínio contestável das ciências naturais.
'''4.114''' Deve delimitar o pensável e com isso o impensável.
Deve demarcar o impensável do interior por meio do pensável.
'''4.115''' Denotará o indizível, representando claramente o dizível.
'''4.116''' Tudo em geral o que pode ser pensado o pode claramente. Tudo que se deixa exprimir, deixase claramente.
'''4.12''' A proposição pode representar a realidade inteira, não pode, porém, representar o que ela deve ter em comum com a realidade para poder representá-la — a forma lógica.
Para podermos representar a forma lógica seria preciso nos colocar, com a proposição, fora da lógica; a saber, fora do mundo.
'''4.121''' A proposição não pode representar a forma lógica, esta espelha-se naquela.
Não é possível representar o que se espelha na linguagem.
O que ''se'' exprime na linguagem não podemos expressar por meio dela.
A proposição ''mostra'' a forma lógica da realidade.
Ela a exibe.
'''4.1211''' Dêsse modo, a proposição "''fa''" mostra que o objeto a aparece em seu sentido, duas proposições "''fa''" e "''ga''" que em ambas se trata do mesmo objeto.
Se duas proposições se contradizem, isto é mostrado por sua estrutura; do mesmo modo, quando uma se segue da outra. E assim por diante.
'''4.1212''' O que ''pode'' ser mostrado ''não pode'' ser dito.
'''4.1213''' Agora compreendemos nosso sentimento de que estamos de posse de uma concepção lógica correta somente quando tudo esteja conforme em nossa linguagem simbólica.
'''4.122''' Podemos em certo sentido falar de propriedades formais de objetos e estados de coisas, em particular de propriedades da estrutura dos fatos, e no mesmo sentido de relações formais e de relações de estruturas.
(Em lugar de propriedade da estrutura falo também de "propriedade interna", em lugar de relação de estruturas, "relação interna".
Introduzo essas expressões para mostrar o fundamento da confusão, muito difundida no meio dos filósofos, entre relações internas e relações propriamente ditas (externas).)
A subsistência de tais propriedades e de tais relações internas não pode ser, todavia, afirmada por proposições, mas se mostra nas proposições que apresentam os estados de coisas e os objetos em questão.
'''4.1221''' A uma propriedade interna de um fato podemos ainda chamar de traço dêsse fato. (No sentido em que falamos, por exemplo, de traços faciais.)
'''4.123''' Uma propriedade é interna quando fôr impensável que seu objeto não a possua.
(Esta côr azul e aquela estão na relação interna de mais claro e ''eo ipso'' mais escuro. É impensável ''êstes'' dois objetos não estarem nesta relação.)
(Ao emprego impreciso das palavras "propriedade" e "relação" corresponde aqui o emprêgo impreciso da palavra "objeto".)
'''4.124''' A subsistência de uma propriedade interna de uma situação possível não se expressa por uma proposição mas, na proposição que a representa, por uma propriedade interna desta proposição.
Seria, pois, absurdo tanto imputar como não imputar à proposição uma propriedade formal.
'''4.1241''' Não se podem distinguir as formas umas das outras dizendo que uma tem esta propriedade e aquela, outra, pois isto pressupõe que teria sentido assertar ambas propriedades de ambas as formas.
'''4.125''' A subsistência de uma relação interna entre situações possíveis exprime-se lingüìsticamente por meio de uma relação interna entre as proposições que as representam.
'''4.1251''' Isto liquida a disputa "se tôdas as relações são internas ou externas".
'''4.1252''' Às séries ordenadas por relações ''internas'' chamo de séries formais.
A série dos números não se ordena segundo uma relação externa, mas segundo uma relação ''interna''.
Da mesma maneira, a série de proposições "''aRb''",
{{p indent|"(∃''x'') : ''aRx . xRb''",}}
{{p indent|"(∃''x, y'') : ''aRx . xRy . yRb''", e assim por diante.}}
(Estando ''b'' numa dessas relações com ''a'', chamo-lhe de sucessor de ''a''.)
'''4.126''' No mesmo sentido em que falamos de propriedades formais, podemos também nos referir a conceitos formais.
(Introduzo essa expressão com o intuito de deslindar a confusão dos conceitos formais com os