Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

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Prova-se a existência de uma forma geral da proposição porque não deve haver proposição alguma cuja forma não seja antes pressuposta (isto é, construída). A forma geral da proposição é: isto ''está'' do seguinte modo.
Prova-se a existência de uma forma geral da proposição porque não deve haver proposição alguma cuja forma não seja antes pressuposta (isto é, construída). A forma geral da proposição é: isto ''está'' do seguinte modo.


4.51 Supondo que todas as proposições elementares me sejam dadas, surge a pergunta: quais são as proposições que posso formar a partir delas? E estas são todas as proposições e assim elas são limitadas.
'''4.51''' Supondo que ''tôdas'' as proposições elementares me sejam dadas, surge a pergunta: quais são as proposições que posso formar a partir delas? E estas são ''tôdas'' as proposições e assim elas são limitadas.


As proposições são tudo o que se segue da totalidade das proposições elementares (sem dúvida por que se parte da totalidade de todas elas). (Num certo sentido é possível dizer que todas as proposições são generalizações das proposições elementares.)
'''4.52''' As proposições são tudo o que se segue da totalidade das proposições elementares (sem dúvida por que se parte da ''totalidade de todas elas''). (Num certo sentido é possível dizer que ''tôdas'' as proposições são generalizações das proposições elementares.)


A forma geral da proposição é uma variável. A proposição é uma função de verdade das proposições elementares.
'''4.53''' A forma geral da proposição é uma variável.
 
'''5''' A proposição é uma função de verdade das proposições elementares.


(A proposição elementar é uma função de verdade de si mesma.)
(A proposição elementar é uma função de verdade de si mesma.)


As proposições elementares são os argumentos de verdade da proposição.
'''5.01''' As proposições elementares são os argumentos de verdade da proposição.


E fácil confundir argumentos de uma função com índices de nomes. Conheço em particular a denotação de um signo que a contém tanto pelo argumento como pelo índice.
'''5.02''' E fácil confundir argumentos de uma função com índices de nomes. Conheço em particular a denotação de um signo que a contém tanto pelo argumento como pelo índice.


No sinal de Russell "+", por exemplo, "" é um índice que indica valer o signo inteiro para a soma de números cardinais. Esta designação, porém, se apóia num ajuste arbitrário, de sorte que seria possível em vez de "+" escolher outro signo simples; em "~p", entretanto, "p" não é índice algum, mas argumento: o sentido de "~p" não pode ser compreendido sem que antes o sentido de "p" o seja. (No nome Julius Caesar, "Julius" é índice. Este é sempre parte da descrição do objeto cujos nomes vinculamos a êle. Por exemplo, o Caesar da gente juliana.)
No sinal de Russell "+''<sub>c</sub>''", por exemplo, "''c''" é um índice que indica valer o signo inteiro para a soma de números cardinais. Esta designação, porém, se apóia num ajuste arbitrário, de sorte que seria possível em vez de "+''<sub>c</sub>''" escolher outro signo simples; em "∼''p''", entretanto, "''p''" não é índice algum, mas argumento: o sentido de "∼''p''" ''não pode'' ser compreendido sem que antes o sentido de "''p''" o seja. (No nome Julius Caesar, "Julius" é índice. Este é sempre parte da descrição do objeto cujos nomes vinculamos a êle. Por exemplo, ''o'' Caesar da gente juliana.)


A confusão entre argumento e índice constitui, se não me engano, a base da teoria de Frege a respeito da denotação das proposições e das funções. Para Frege, as proposições da lógica seriam nomes, e seus argumentos, os índices dêsses nomes.
A confusão entre argumento e índice constitui, se não me engano, a base da teoria de Frege a respeito da denotação das proposições e das funções. Para Frege, as proposições da lógica seriam nomes, e seus argumentos, os índices dêsses nomes.