Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

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'''5.4711''' Dar a essência da proposição quer dizer dar a essência de tôdas as descrições e, por conseguinte, a essência do mundo.
'''5.4711''' Dar a essência da proposição quer dizer dar a essência de tôdas as descrições e, por conseguinte, a essência do mundo.


'''5.472''' A descrição da forma proposicional mais geral é a descrição de um e um só signo primitivo universal da lógica.<references />
'''5.472''' A descrição da forma proposicional mais geral é a descrição de um e um só signo primitivo universal da lógica.
 
'''5.473''' A lógica deve cuidar de si mesma.
 
Um signo ''possível'' também deve poder designar. Tudo o que na lógica é possível também é permitido. ("Sócrates é idêntico" não diz nada, pois não há propriedade que se chame "idêntico". A proposição é absurda porque não encontramos uma determinação arbitrária, e não porque o símbolo em si e para si não fôsse permitido.)
 
Em certo sentido, não podemos errar na lógica.
 
'''5.4731''' O óbvio de que Russell tanto fala só pode tornar-se prescindível porque a própria linguagem impede os erros lógicos. — Que a lógica seja a priori consiste em que ''nada'' ilógico ''pode'' ser pensado.
 
'''5.4732''' Não podemos dar a um signo um sentido incorreto.
 
'''5.47321''' O lema de Occam não é por certo uma regra arbitrária, ou que se justifique por seus resultados práticos; diz apenas que unidades de signos ''desnecessárias'' nada designam.
 
Signos que preenchem ''uma'' finalidade são lògicamente equivalentes, os que preenchem ''nenhuma'' são lògicamente desprovidos de denotação.
 
'''5.4733''' Frege diz: cada proposição formada legitimamente deve ter um sentido; eu digo: cada proposição possível é legitimamente formada e, se não tiver sentido, isto só é possível porque não emprestamos ''denotação'' a algumas de suas partes constituintes.
 
(Ainda que acreditemos tê-lo feito.)
 
Dêsse modo, "Sócrates é idêntico" não diz nada, porque ''não'' emprestamos à palavra "idêntico" como ''adjetivo'' denotação alguma. Quando aparece como signo de igualdade, ela simboliza de maneira totalmente diversa — é outra a relação designadora —, de sorte que o símbolo, em ambos os casos, é inteiramente diferente; ambos os símbolos apenas têm, por acidente, o signo em comum.
 
'''5.474''' O número das operações básicas necessárias depende ''apenas'' de nossa notação.
 
'''5.475''' Trata-se apenas de formar um sistema de signos com número determinado de dimensões — com uma multiplicidade matemática determinada.
 
'''5.476''' É claro que não se discute aqui o ''número de conceitos fundamentais'' que devem ser designados, mas a expressão de uma regra.
 
'''5.5''' Cada função de verdade resulta da aplicação sucessiva da operação (– – – – –V)(''ξ'', . . . .) sôbre proposições elementares.
 
Esta operação nega tôdas as proposições no interior dos parênteses da direita, e a chamo negação dessas proposições.
 
'''5.501''' Uma expressão nos parênteses cujos têrmos sejam proposições — quando é indiferente a seqüência dos têrmos nos parênteses — indico por meio de um signo da forma "<math>(\bar{\xi})</math>". "''ξ''" é uma variável cujos valôres são os termos da expressão entre parênteses, e o traço sôbre a variável indica que esta substitui nos parênteses todos os seus valôres.
 
(Se, por exemplo, ''ξ'' tem 3 valôres ''P'', ''Q'', ''R'', <math>(\bar{\xi})</math> = (''P'', ''Q'', ''R'').)
 
Serão fixados os valores das variáveis.
 
A fixação é a descrição das proposições que a variável substitui.
 
É inessencial como se dá a descrição dos têrmos da expressão entre parênteses.
 
''Podemos'' distinguir três maneiras de descrever: 1) Enumeração direta; neste caso podemos, em lugar das variáveis, colocar simplesmente seus valôres constantes. 2) Indicação de uma função ''fx'' cujos valôres, para todos os valores de ''x'', constituam as proposições a serem descritas. 3) Indicação de uma lei formal segundo a qual cada proposição é formada; neste caso os termos da expressão entre parênteses são todos os termos de uma série formal.
 
'''5.502''' Escrevo pois "<math>N (\bar{\xi})</math>" em lugar de "(– – – – –V)(''ξ'', . . . .)".
 
<math>N (\bar{\xi})</math> é a negação de todos os valores da variável proposicional ''ξ''.<references />