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Não há ''a priori'' uma ordem das coisas. | Não há ''a priori'' uma ordem das coisas. | ||
'''5.64''' Por aqui se vê que o solipsismo, levado às últimas conseqüências, coincide com o realismo puro. O eu do solipsismo reduz-se a um ponto sem | '''5.64''' Por aqui se vê que o solipsismo, levado às últimas conseqüências, coincide com o realismo puro. O eu do solipsismo reduz-se a um ponto sem extensão, a realidade permanecendo coordenada a êle. | ||
'''5.641''' Tem, portanto, sentido real falar-se, na filosofia, do eu de um ponto de vista não-psicológico. | '''5.641''' Tem, portanto, sentido real falar-se, na filosofia, do eu de um ponto de vista não-psicológico. | ||
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Isto está ligado a que a universalidade de que precisamos na matemática não é a ''acidental''. | Isto está ligado a que a universalidade de que precisamos na matemática não é a ''acidental''. | ||
'''6.1''' As proposições da lógica são tautologias.<references /> | '''6.1''' As proposições da lógica são tautologias. | ||
'''6.11''' As proposições da lógica, portanto, não dizem nada. (São as proposições analíticas.) | |||
'''6.111''' São sempre falsas as teorias que fazem uma proposição da lógica aparecer com conteúdo. Poder-se-ia, por exemplo, acreditar que as palavras "verdadeiro" e "falso" designassem duas propriedades entre outras, de sorte que pareceria um fato extraordinário que cada proposição possuísse uma dessas propriedades. Isto não parece, de modo algum, evidente; é tão pouco evidente como, por exemplo, o é a proposição "Tôdas as rosas são ou amarelas ou vermelhas", ainda que fosse verdadeira. Essa proposição toma, com efeito, o caráter de uma proposição das ciências naturais e isto é sintoma seguro de que foi falsamente concebida. | |||
'''6.112''' A explicação correta das proposições lógicas deve conferir-lhe uma posição peculiar entre todas as proposições. | |||
'''6.113''' É marca característica e particular das proposições lógicas que se possa conhecer apenas pelo símbolo quando são verdadeiras, e êste fato contém em si tôda a filosofia da lógica. Assim, é um dos fatos mais importantes que a verdade ou a falsidade das proposições não-lógicas ''não'' é conhecida únicamente na proposição. | |||
'''6.12''' As proposições da lógica são tautologias; isto ''mostra'' as propriedades (lógicas) formais da linguagem, do mundo. | |||
Suas partes constituintes, ao se vincularem ''dessa maneira'', produzem uma tautologia, e isto caracteriza a lógica de suas partes constituintes. | |||
As proposições devem possuir determinadas propriedades de estrutura a fim de que, vinculadas de um determinado modo, produzam uma tautologia. Se produzem uma tautologia ligando-se ''dessa maneira'', isto mostra que possuem tais propriedades de estrutura. | |||
'''6.1201''' Por exemplo: a proposição "''p''" e a "∼''p''" na conexão "∼(''p'' . ∼''p'')" produzem uma tautologia, o que mostra que se contradizem entre si. As proposições "''p'' ⊃ ''q''", "''p''" e "''q''", ligadas entre si na forma "(''p'' ⊃ ''q'') . (''p'') : ⊃ : (''q'')", produzem uma tautologia, o que mostra que ''q'' se segue de ''p'' e ''p'' ⊃ ''q''. Que "(''x'') . ''fx'' : ⊃ : ''fa''" seja uma tautologia, mostra que ''fa'' se segue de (''x'') . ''fx'', etc., etc. | |||
'''6.1202''' É claro que, em vez da tautologia, é possível empregar a contradição para os mesmos fins. | |||
'''6.1203''' Para reconhecer uma tautologia como tal, nos casos em que na tautologia não aparece qualquer designação da generalidade, é possível utilizar o seguinte método intuitivo: em vez de "''p''", "''q''", "''r''", etc., escrevo "''VpF''", "''VqF''", "''VrF''", etc. As combinações de verdade são expressas por chaves:[[File:TLP 6.1203a-it.png|300px|center|link=]]e a coordenação da verdade ou da falsidade da proposição total e as combinações de verdade dos argumentos de verdade, por meio de traços, do modo seguinte:[[File:TLP 6.1203b-it.png|300px|center|link=]]Este signo representaria, por exemplo, a proposição "''p'' ⊃ ''q''". Vou verificar, por exemplo, se a proposição ∼(''p'' . ∼''p'') (lei da contradição) é uma tautologia. A forma "∼''ξ''" será escrita em nossa notação:[[File:TLP 6.1203c-it.png|200px|center|link=]]A forma "''ξ'' . ''η''":[[File:TLP 6.1203d-it.png|300px|center|link=]]De modo que a proposição ∼(''p'' . ∼''q'') será:[[File:TLP 6.1203e-it.png|250px|center|link=]]Em lugar de "''q''" coloquemos "''p''" e examinemos a conexão dos ''V'' e ''F'' mais exteriores com os mais interiores; logo verificamos que a verdade da proposição total coordena-se com ''tôdas'' as combinações de verdade de seus argumentos, enquanto que sua falsidade, com nenhuma das combinações de verdade. | |||
'''6.121''' As proposições da lógica demonstram as propriedades lógicas das proposições, pois se ligam em proposições que não dizem nada. | |||
É possível chamar a êsse método de método-nulo. Na proposição lógica as proposições são levadas a se equilibrarem mùtuamente, de modo que a situação de equilíbrio indica como tais proposições devem ser constituídas de um ponto de vista lógico. | |||
'''6.122''' Donde resulta ser possível viver sem as proposições lógicas, já que podemos reconhecer, graças à mera inspeção dessas proposições, suas propriedades formais numa notação correspondente.<references /> |