Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

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{{ParTLP|1}} O mundo é tudo o que ocorre.<ref>Os algarismos que enumeram as proposições isoladas indicam o peso lógico dessas proposições, a importância que adquirem em minha exposição. As proposições ''n''.1, ''n''.2, ''n''.3, etc., constituem observações à proposição n.° ''n''; as proposições ''n''.''m''1, ''n''.''m''2, etc., observações à proposição n.° ''n''.''m,'' e assim por diante.</ref>
{{ParTLP|1}} O mundo é tudo o que ocorre.<ref>Os algarismos que enumeram as proposições isoladas indicam o peso lógico dessas proposições, a importância que adquirem em minha exposição. As proposições ''n''.1, ''n''.2, ''n''.3, etc., constituem observações à proposição n.º ''n''; as proposições ''n''.''m''1, ''n''.''m''2, etc., observações à proposição n.º ''n''.''m,'' e assim por diante.</ref>


{{ParTLP|1.1}} O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas.
{{ParTLP|1.1}} O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas.
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Assim a palavra “é” aparece como cópula, como sinal de igualdade e expressão da existência; “existir”, enquanto verbo intransitivo do mesmo modo que “ir”; “idêntico”, enquanto adjetivo: falamos a respeito de ''algo'', mas também de que ''algo'' acontece.
Assim a palavra “é” aparece como cópula, como sinal de igualdade e expressão da existência; “existir”, enquanto verbo intransitivo do mesmo modo que “ir”; “idêntico”, enquanto adjetivo: falamos a respeito de ''algo'', mas também de que ''algo'' acontece.


(Na proposição “Rosa é rosa” (“Grün ist grün”) — onde a primeira palavra é nome de pessoa e a última é adjetivo — ambas as palavras não têm apenas denotações diferentes, mas constituem ''símbolos diferentes''.)
(Na proposição “Rosa é rosa” (“''Grün ist grün''”) — onde a primeira palavra é nome de pessoa e a última é adjetivo — ambas as palavras não têm apenas denotações diferentes, mas constituem ''símbolos diferentes''.)


{{ParTLP|3.324}} Nascem, assim, as confusões mais fundamentais (de que tôda a filosofia está plena).
{{ParTLP|3.324}} Nascem, assim, as confusões mais fundamentais (de que tôda a filosofia está plena).
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{{ParTLP|4.115}} Denotará o indizível, representando claramente o dizível.
{{ParTLP|4.115}} Denotará o indizível, representando claramente o dizível.


{{ParTLP|4.116}} Tudo em geral o que pode ser pensado o pode claramente. Tudo que se deixa exprimir, deixase claramente.
{{ParTLP|4.116}} Tudo em geral o que pode ser pensado o pode claramente. Tudo que se deixa exprimir, deixa-se claramente.


{{ParTLP|4.12}} A proposição pode representar a realidade inteira, não pode, porém, representar o que ela deve ter em comum com a realidade para poder representá-la — a forma lógica.
{{ParTLP|4.12}} A proposição pode representar a realidade inteira, não pode, porém, representar o que ela deve ter em comum com a realidade para poder representá-la — a forma lógica.
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{{ParTLP|4.44}} O signo que surge por meio da aposição dessa insígnia “''V''” às possibilidades de verdade é um signo proposicional.
{{ParTLP|4.44}} O signo que surge por meio da aposição dessa insígnia “''V''” às possibilidades de verdade é um signo proposicional.


{{ParTLP|4.441}} É claro que nenhum objeto (ou complexo de objetos) corresponde ao complexo de signos “''F''” ou “''V''”; tampouco como às linhas horizontais ou verticais ou aos parenteses. — Não há “objetos lógicos”.
{{ParTLP|4.441}} É claro que nenhum objeto (ou complexo de objetos) corresponde ao complexo de signos “''F''” ou “''V''”; tampouco como às linhas horizontais ou verticais ou aos parênteses. — Não há “objetos lógicos”.


Algo análogo vale naturalmente para todos os signos que exprimem a mesma coisa que os esquemas de “''V''” e “''F''”.
Algo análogo vale naturalmente para todos os signos que exprimem a mesma coisa que os esquemas de “''V''” e “''F''”.
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|(VVVV)(''p'', ''q'')
|(VVVV)(''p'', ''q'')
|Tautologia
|Tautologia
|(Se ''p'', então ''p''; e se ''g'', então ''q''.) (''p'' ⊃ ''p'' . ''q'' ⊃ ''q'')
|(Se ''p'', então ''p''; e se ''g'', então ''q''.) (''p'' ⊃ ''p'' . ''q'' ⊃ ''q'')
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|(FVVV)(''p'', ''q'')
|(FVVV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
|em palavras:
|Não ambos ''p'' e ''q''. (∼(''p'' . ''q''))
|Não ambos ''p'' e ''q''. (∼(''p'' . ''q''))
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|(VFVV)(''p'', ''q'')
|(VFVV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|Se ''q'', então ''p''. (''q'' ⊃ ''p'')
|Se ''q'', então ''p''. (''q'' ⊃ ''p'')
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|(VVFV)(''p'', ''q'')
|(VVFV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
|em palavras:
|Se ''p'', então ''q''. (''p'' ⊃ ''q'')
|Se ''p'', então ''q''. (''p'' ⊃ ''q'')
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|-
|(VVVF)(''p'', ''q'')
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|em palavras:
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|''p'' ou ''q'' (''p'' ∨ ''q'')
|''p'' ou ''q'' (''p'' ∨ ''q'')
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|(FFVV)(''p'', ''q'')
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|em palavras:
|em palavras:
|Não ''q''. ∼''q''
|Não ''q''. ∼''q''
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|(FVFV)(''p'', ''q'')
|(FVFV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|Não ''p''. ∼''p''
|Não ''p''. ∼''p''
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|(FVVF)(''p'', ''q'')
|(FVVF)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|''p'' ou ''q'' mas não ambos. (''p'' . ∼''q'' : ∨ : ''q'' . ∼''p'')
|''p'' ou ''q'' mas não ambos. (''p'' . ∼''q'' : ∨ : ''q'' . ∼''p'')
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|(VFFV)(''p'', ''q'')
|(VFFV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|Se ''p'', então ''q''; e se ''q'', então ''p''. (''p'' ≡ ''q'')
|Se ''p'', então ''q''; e se ''q'', então ''p''. (''p'' ≡ ''q'')
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|(VFVF)(''p'', ''q'')
|(VFVF)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|''p''
|''p''
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|(VVFF)(''p'', ''q'')
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|em palavras:
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|''q''
|''q''
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|(FFFV)(''p'', ''q'')
|(FFFV)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|Nem ''p'' nem ''q''. (∼''p'' . ∼''q'') ou (''p'' {{!}} ''q'')
|Nem ''p'' nem ''q''. (∼''p'' . ∼''q'') ou (''p'' {{!}} ''q'')
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|(FFVF)(''p'', ''q'')
|(FFVF)(''p'', ''q'')
|em palavras:
|em palavras:
|''p'' e não ''q''. (''p'' . ∼''q'')
|''p'' e não ''q''. (''p'' . ∼''q'')
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|(FVFF)(''p'', ''q'')
|(FVFF)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|''q'' e não ''p''. (''q'' . ∼''p'')
|''q'' e não ''p''. (''q'' . ∼''p'')
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|(VFFF)(''p'', ''q'')
|(VFFF)(''p'', ''q'')
|em palavras:
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|''q'' e ''p'' (''q'' . ''p'')
|''q'' e ''p'' (''q'' . ''p'')
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Tôda proposição resulta de operações-verdades sôbre proposições elementares.
Tôda proposição resulta de operações-verdades sôbre proposições elementares.


{{ParTLP|5.31}} Os esquemas do n.° [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.31|4.31]] possuem também denotação quando “''p''”, “''q''”, “''r''”, etc., não são proposições elementares.
{{ParTLP|5.31}} Os esquemas do n.º [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.31|4.31]] possuem também denotação quando “''p''”, “''q''”, “''r''”, etc., não são proposições elementares.


É fácil verificar que o signo proposicional no n.° [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.2|4.2]] exprime uma função de verdade de proposições elementares ainda quando “''p''” e “''q''” são funções de verdade de proposições elementares.
É fácil verificar que o signo proposicional no n.º [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.2|4.2]] exprime uma função de verdade de proposições elementares ainda quando “''p''” e “''q''” são funções de verdade de proposições elementares.


{{ParTLP|5.32}} Tôdas as funções de verdade resultam da aplicação sucessiva de um número finito de operações-verdades sobre proposições elementares.
{{ParTLP|5.32}} Tôdas as funções de verdade resultam da aplicação sucessiva de um número finito de operações-verdades sobre proposições elementares.
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Um domínio em que vale a sentença: ''simplex sigillum veri''.
Um domínio em que vale a sentença: ''simplex sigillum veri''.


{{ParTLP|5.46}} Caso se introduzam corretamente os signos lógicos, então já se introduz o sentido de todas as suas combinações; portanto, não apenas “''p'' ∨ ''q''” mas também “∼(''p'' ∨ ∼''q'')”, etc., etc. Já se teria introduzido, pois, o efeito de todas as combinações meramente-possíveis de parenteses. E assim estaria claro que os signos primitivos pròpriamente universais não seriam “''p'' ∨ ''q''”, “(∃''x'') . ''fx''” mas a forma mais geral de suas combinações.
{{ParTLP|5.46}} Caso se introduzam corretamente os signos lógicos, então já se introduz o sentido de todas as suas combinações; portanto, não apenas “''p'' ∨ ''q''” mas também “∼(''p'' ∨ ∼''q'')”, etc., etc. Já se teria introduzido, pois, o efeito de todas as combinações meramente-possíveis de parênteses. E assim estaria claro que os signos primitivos pròpriamente universais não seriam “''p'' ∨ ''q''”, “(∃''x'') . ''fx''” mas a forma mais geral de suas combinações.


{{ParTLP|5.461}} Muito denota o fato aparentemente desimportante de que as pseudo-relações lógicas como ∨ ou ⊃ precisem de parenteses — ao contrário das relações reais.
{{ParTLP|5.461}} Muito denota o fato aparentemente desimportante de que as pseudo-relações lógicas como ∨ ou ⊃ precisem de parênteses — ao contrário das relações reais.


A utilização de parenteses junto a esses pseudo-signos primitivos já indica que não são signos primitivos reais. E ninguém acreditará porventura que os parenteses possuam denotação autônoma.
A utilização de parênteses junto a esses pseudo-signos primitivos já indica que não são signos primitivos reais. E ninguém acreditará porventura que os parênteses possuam denotação autônoma.


{{ParTLP|5.4611}} Os signos das operações lógicas são pontuações.
{{ParTLP|5.4611}} Os signos das operações lógicas são pontuações.
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{{ParTLP|6.1264}} A proposição significativa asserta algo e sua prova mostra que é assim; na lógica cada proposição está sob a forma de uma prova.
{{ParTLP|6.1264}} A proposição significativa asserta algo e sua prova mostra que é assim; na lógica cada proposição está sob a forma de uma prova.


Cada proposição da lógica é um modus ponens representado num signo. (E não é possível exprimir o ''modus ponens'' por meio de uma proposição.)
Cada proposição da lógica é um ''modus ponens'' representado num signo. (E não é possível exprimir o ''modus ponens'' por meio de uma proposição.)


{{ParTLP|6.1265}} Sempre se pode conceber a lógica de tal modo que cada proposição seja sua própria prova.
{{ParTLP|6.1265}} Sempre se pode conceber a lógica de tal modo que cada proposição seja sua própria prova.