5,953
edits
(Created page with "{{header|Creating Observações sobre ''O ramo de ouro'' de Frazer}} {{Top}} {{Print Button}} <p class="noprint" style="text-align: center;">Parte I · #parte...") |
No edit summary |
||
Line 1: | Line 1: | ||
{{header| | {{header|Observações sobre ''O ramo de ouro'' de Frazer}} | ||
{{Top}} | {{Top}} | ||
Line 5: | Line 5: | ||
<p class="noprint" style="text-align: center;">[[#parte-i|Parte I]] · [[#parte-ii|Parte II]]</p> | <p class="noprint" style="text-align: center;">[[#parte-i|Parte I]] · [[#parte-ii|Parte II]]</p> | ||
[Creio agora que seria correto iniciar um <meu> livro <s>sobre</s> com observações sobre a metafísica como uma espécie de magia. <sup>18</sup> | |||
Ao fazê-lo, no entanto, eu não poderia falar a favor da magia nem fazer troça dela. <sup>19</sup> | |||
A profundidade da magia teria que ser mantida. – Sim, pois a eliminação <s>de toda</s> da magia teria aqui o caráter da própria magia.<sup>20</sup> | |||
'''(MS 110, p. 177)''' | |||
Pois, se eu comecei a falar do "mundo" (e não desta árvore ou mesa), o que teria querido senão encantar com as minhas palavras algo de mais alto?]<sup>21</sup> | |||
'''(MS 110, p. 178)''' | |||
Deve-se começar pelo erro e convertê-lo à verdade.<sup>22</sup> | |||
Isto é, deve-se expor a fonte do erro, senão de nada serve ouvir a verdade. Ela não pode penetrar quando outra coisa ocupa o seu lugar. <sup>23</sup> | |||
Para convencer alguém da verdade, não é suficiente constatá-la, mas deve-se encontrar o ''caminho'' do erro para a verdade.<sup>24</sup> | |||
Eu tenho que mergulhar repetidamente na água da dúvida.<sup>25</sup> | |||
A apresentação que faz Frazer das concepções mágicas e religiosas dos homens é insatisfatória: ela faz com que essas concepções apareçam como ''erros''.<sup>26</sup> | |||
Estava então Agostinho errado quando invocava a Deus em cada página das ''Confissões''? | |||
Entretanto – pode-se dizer – se ele não estava errado, então quem estava era o santo budista – ou outro qualquer – cuja religião expressa concepções completamente diferentes. Mas ''nenhum'' deles estava errado. Exceto quando afirmava uma teoria.<sup>27</sup> | |||
Já a ideia de querer explicar o costume<sup>28</sup> – talvez a morte do rei- sacerdote – me parece equivocada. Tudo o que Frazer faz é torná-los plausíveis para homens que pensam de modo semelhante a ele. É muito singular que todos esses costumes terminem, por assim dizer, sendo apresentados como estupidez. | |||
Jamais seria plausível, porém, que as pessoas fizessem //tudo isso// por pura estupidez. | |||
Quando ele nos explica, por exemplo, que o rei tinha que ser morto no seu auge, | |||
'''(TS 211, p. 313)''' | |||
porque caso contrário, segundo as concepções dos selvagens, a sua alma não se conservaria fresca,<sup>29</sup> então só se pode dizer: onde estes costumes e concepções andam juntos, então o costume não se origina da concepção, mas ambos já estão de fato ali.<sup>30</sup> | |||
Pode bem ser, e ocorre muito hoje em dia, que uma pessoa abandone um costume depois que reconheceu um erro sobre o qual ele se ampara. Mas este <s>costume</s> caso só se dá onde chamar a atenção de uma pessoa sobre o seu erro for suficiente para demovê-la do seu modo de agir. Mas este não é o caso dos costumes religiosos de um povo, e, ''por isso'', ''não'' se trata aqui de um erro. <sup>31</sup> | |||
Frazer diz que é muito difícil descobrir o erro na magia – e por isso ela dura tanto – porque, por exemplo, uma conjuração para trazer chuva, deve, mais cedo ou mais tarde, certamente aparecer como eficaz.<sup>32</sup> Mas<sup>33</sup> então é muito estranho que as pessoas não notem mais cedo que, de todo modo, mais cedo ou mais tarde chove. | |||
Eu creio que o empreendimento de uma explicação já é falho, porque só se tem que organizar corretamente o que se ''sabe'', e nada acrescentar, e vem por si mesma a satisfação a que se aspira pela explicação.<sup>34</sup> | |||
E a explicação não é aqui de nenhum modo o que satisfaz. Quando Frazer começa a nos relatar a história do rei do bosque de Nemi, ele o faz num tom que mostra que ele sente, e nos quer fazer sentir, que aqui ocorre algo de estranho e temível. Mas a pergunta ―por que isso ocorre?‖ só pode ser respondida na verdade por: por que isso é temível. Isto é, o mesmo que se nos apresenta nesse acontecimento como temível, grandioso, horripilante, trágico etc., não menos que trivial e insignificante, ''isso'' gerou esse acontecimento<sup>35</sup> | |||
'''(TS 211, p. 314)''' | |||
Aqui só se pode ''descrever'' e dizer: assim é a vida humana. | |||
A explicação é, comparada com a impressão que a descrição nos causa, demasiado insegura.<sup>36</sup> | |||
Toda explicação já é uma hipótese.<sup>37</sup> | |||
Para quem, no entanto, porventura esteja intranqüilo com relação ao amor, uma explicação hipotética é de pouca ajuda. – Ela não vai tranqüilizá-lo.<sup>38</sup> | |||
O aperto dos pensamentos que não podem vir para fora, porque todos querem empurrar-se para a frente e, assim, se trancam na saída. <sup>39</sup> | |||
Se alguém coloca aquele relato do rei-sacerdote de Nemi junto com a frase ―a majestade da morte‖, vê então que ambos são um só.<sup>40</sup> | |||
A vida do rei-sacerdote apresenta aquilo que se diz com aquela frase.<sup>41</sup> | |||
Quem é comovido pela majestade da morte, pode expressá-lo por meio de uma tal vida. – Isto também não é nenhuma explicação, claro, mas apenas substituir um símbolo por outro. Ou: uma cerimônia por outra.<sup>42</sup> |