Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

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{{ParTLP|2.01}} O estado de coisas é uma ligação de objetos (coisas).
{{ParTLP|2.01}} O estado de coisas é uma ligação de objetos (coisas).


{{ParTLP|2.011}} É essencial para a coisa poder ser parte consti- tuinte de um estado de coisas.
{{ParTLP|2.011}} É essencial para a coisa poder ser parte constituinte de um estado de coisas.


{{ParTLP|2.012}} Nada é acidental na lógica: se uma coisa ''puder'' aparecer num estado de coisas, a possibilidade do estado de coisas já deve estar antecipada nela.
{{ParTLP|2.012}} Nada é acidental na lógica: se uma coisa ''puder'' aparecer num estado de coisas, a possibilidade do estado de coisas já deve estar antecipada nela.


{{ParTLP|2.0121}} Parece, por assim dizer, acidental que à coisa, que poderia subsistir sozinha e para si, viesse ajus- tar-se em seguida uma situação..
{{ParTLP|2.0121}} Parece, por assim dizer, acidental que à coisa, que poderia subsistir sozinha e para si, viesse ajustar-se em seguida uma situação..


Se as coisas podem aparecer em estados de coisas, então isto já deve estar nelas.
Se as coisas podem aparecer em estados de coisas, então isto já deve estar nelas.
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{{ParTLP|2.0233}} Dois objetos de mesma forma lógica — abstraindo suas propriedades externas — se diferenciam um do outro apenas por serem distintos.
{{ParTLP|2.0233}} Dois objetos de mesma forma lógica — abstraindo suas propriedades externas — se diferenciam um do outro apenas por serem distintos.


{{ParTLP|2.02331}} Ou uma coisa possui propriedades que nenhuma outra possui e dêsse modo é possível sem mais separá- la de outras por uma descrição e referir-se a ela; ou, ao contrário, existem várias coisas que possuem tôdas suas propriedades em comum, sendo então impossível em geral indicar uma delas.
{{ParTLP|2.02331}} Ou uma coisa possui propriedades que nenhuma outra possui e dêsse modo é possível sem mais separá-la de outras por uma descrição e referir-se a ela; ou, ao contrário, existem várias coisas que possuem tôdas suas propriedades em comum, sendo então impossível em geral indicar uma delas.


Se a coisa não se distingue por nada, não posso então distingui-la, pois do contrário estaria distinguida.
Se a coisa não se distingue por nada, não posso então distingui-la, pois do contrário estaria distinguida.
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{{ParTLP|2.174}} A figuração não pode, porém, colocar-se fora de sua forma de representação.
{{ParTLP|2.174}} A figuração não pode, porém, colocar-se fora de sua forma de representação.


{{ParTLP|2.18}} O que cada figuração, de forma qualquer, deve sempre ter em comum com a realidade para poder afigurá-la em geral - correta ou falsamente - é a forma lógica, isto é, a forma da realidade.
{{ParTLP|2.18}} O que cada figuração, de forma qualquer, deve sempre ter em comum com a realidade para poder afigurá-la em geral correta ou falsamente é a forma lógica, isto é, a forma da realidade.


{{ParTLP|2.181}} Se a forma da afiguração é a forma lógica, a figuração chama-se lógica.
{{ParTLP|2.181}} Se a forma da afiguração é a forma lógica, a figuração chama-se lógica.
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{{ParTLP|4.3}} As possibilidades de verdade das proposições elementares denotam as possibilidades da subsistência e da não-subsistência de estados de coisas.
{{ParTLP|4.3}} As possibilidades de verdade das proposições elementares denotam as possibilidades da subsistência e da não-subsistência de estados de coisas.


{{ParTLP|4.31}} Podemos representar as possibilidades de verdade do seguinte modo (“''V''” denota “verdadeiro”, “''F''” denota “falso”. As séries de “''V''” e “''F''” sob a série das proposições elementares denotam suas possi- bilidades de verdade num simbolismo fàcilmente compreensível):
{{ParTLP|4.31}} Podemos representar as possibilidades de verdade do seguinte modo (“''V''” denota “verdadeiro”, “''F''” denota “falso”. As séries de “''V''” e “''F''” sob a série das proposições elementares denotam suas possibilidades de verdade num simbolismo fàcilmente compreensível):


{{TLP 4.31 pt}}
{{TLP 4.31 pt}}
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{{ParTLP|4.4661}} Por certo na tautologia e na contradição os signos ainda estão ligados uns aos outros, isto é, relacionam-se entre si, mas estas relações são desprovidas de denotação, são inessenciais para o ''símbolo''.
{{ParTLP|4.4661}} Por certo na tautologia e na contradição os signos ainda estão ligados uns aos outros, isto é, relacionam-se entre si, mas estas relações são desprovidas de denotação, são inessenciais para o ''símbolo''.


{{ParTLP|4.5}} Agora parece possível estabelecer a forma mais geral da proposição, isto é, estabelecer uma descri- ção das proposições numa linguagem simbólica ''qualquer'', de tal modo que cada um dos sentidos possíveis poderia ser expresso por um símbolo adequado à descrição e cada símbolo adequado à descrição poderia exprimir um sentido, se as denotações dos nomes fôssem convenientemente escolhidas.
{{ParTLP|4.5}} Agora parece possível estabelecer a forma mais geral da proposição, isto é, estabelecer uma descrição das proposições numa linguagem simbólica ''qualquer'', de tal modo que cada um dos sentidos possíveis poderia ser expresso por um símbolo adequado à descrição e cada símbolo adequado à descrição poderia exprimir um sentido, se as denotações dos nomes fôssem convenientemente escolhidas.


É claro que, descrevendo a forma mais geral de uma proposição, ''somente'' o que é essencial deve ser descrito — caso contrário não seria a mais geral.
É claro que, descrevendo a forma mais geral de uma proposição, ''somente'' o que é essencial deve ser descrito — caso contrário não seria a mais geral.
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{{ParTLP|5.254}} A operação pode desaparecer (por exemplo, a negação em “∼∼''p''”, ~~''p'' <nowiki>=</nowiki> ''p'').
{{ParTLP|5.254}} A operação pode desaparecer (por exemplo, a negação em “∼∼''p''”, ~~''p'' <nowiki>=</nowiki> ''p'').


{{ParTLP|5.3}} Todas as proposições resultam de operações- verdades sobre as proposições elementares.
{{ParTLP|5.3}} Todas as proposições resultam de operações-verdades sobre as proposições elementares.


A operação-verdade é o modo pelo qual a função de verdade nasce das proposições elementares.
A operação-verdade é o modo pelo qual a função de verdade nasce das proposições elementares.
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É fácil verificar que o signo proposicional no n.° [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.2|4.2]] exprime uma função de verdade de proposições elementares ainda quando “''p''” e “''q''” são funções de verdade de proposições elementares.
É fácil verificar que o signo proposicional no n.° [[Private:Tractatus Logico-Philosophicus (Português)#4.2|4.2]] exprime uma função de verdade de proposições elementares ainda quando “''p''” e “''q''” são funções de verdade de proposições elementares.


{{ParTLP|5.32}} Tôdas as funções de verdade resultam da aplicação sucessiva de um número finito de operações- verdades sobre proposições elementares.
{{ParTLP|5.32}} Tôdas as funções de verdade resultam da aplicação sucessiva de um número finito de operações-verdades sobre proposições elementares.


{{ParTLP|5.4}} Aqui se evidencia que não há “objetos lógicos”, “constantes lógicas” (no sentido de Frege e Russell).
{{ParTLP|5.4}} Aqui se evidencia que não há “objetos lógicos”, “constantes lógicas” (no sentido de Frege e Russell).
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Um domínio em que vale a sentença: ''simplex sigillum veri''.
Um domínio em que vale a sentença: ''simplex sigillum veri''.


{{ParTLP|5.46}} Caso se introduzam corretamente os signos lógicos, então já se introduz o sentido de todas as suas combinações; portanto, não apenas “''p'' ∨ ''q''” mas também “∼(''p'' ∨ ∼''q'')”, etc., etc. Já se teria introduzido, pois, o efeito de todas as combinações meramente- possíveis de parenteses. E assim estaria claro que os signos primitivos pròpriamente universais não seriam “''p'' ∨ ''q''”, “(∃''x'') . ''fx''” mas a forma mais geral de suas combinações.
{{ParTLP|5.46}} Caso se introduzam corretamente os signos lógicos, então já se introduz o sentido de todas as suas combinações; portanto, não apenas “''p'' ∨ ''q''” mas também “∼(''p'' ∨ ∼''q'')”, etc., etc. Já se teria introduzido, pois, o efeito de todas as combinações meramente-possíveis de parenteses. E assim estaria claro que os signos primitivos pròpriamente universais não seriam “''p'' ∨ ''q''”, “(∃''x'') . ''fx''” mas a forma mais geral de suas combinações.


{{ParTLP|5.461}} Muito denota o fato aparentemente desimportante de que as pseudo-relações lógicas como ∨ ou ⊃ precisem de parenteses — ao contrário das relações reais.
{{ParTLP|5.461}} Muito denota o fato aparentemente desimportante de que as pseudo-relações lógicas como ∨ ou ⊃ precisem de parenteses — ao contrário das relações reais.
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{{ParTLP|6.521}} Observa-se a solução dos problemas da vida no desaparecimento dêsses problemas.
{{ParTLP|6.521}} Observa-se a solução dos problemas da vida no desaparecimento dêsses problemas.


(Esta não é a razão por que os homens, para os quais o sentido da vida se tornou claro depois de um longo duvidar, não podem mais dizer em que consiste êsse sentido ?)
(Esta não é a razão por que os homens, para os quais o sentido da vida se tornou claro depois de um longo duvidar, não podem mais dizer em que consiste êsse sentido?)


{{ParTLP|6.522}} Existe com certeza o indizível. Isto ''se mostra'', é o que é místico.
{{ParTLP|6.522}} Existe com certeza o indizível. Isto ''se mostra'', é o que é místico.