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{{p center|A numeração das notas segue a numeração do Tractatus.}} | |||
— Convém observar que a formulação do sistema de numeração das proposições é matemàticamente insuficiente; não explica, por exemplo, a proposição 2.001, cujo sentido no entanto se apreende fàcilmente pelo contexto. | |||
[[#2|2]] — Estado de coisas: ''Sachverhalt'', etimològicamente “como as coisas se comportam entre si” (cf. Introdução, p. 39). Tivemos o cuidado de traduzir ''sich verhalten'' por “''está'' em relação”, vinculando dêsse modo ''estado'' ao verbo ''estar''. Russell indagara de Wittgenstein a respeito da diferença entre estado de coisa e fato (''Tatsache''). A resposta é a seguinte: “''Sachverhalt'' é o que corresponde à proposição elementar quando verdadeira. ''Tatsache'', o que corresponde ao produto lógico de proposições elementares quando êsse produto é verdadeiro. A razão pela qual introduzo ''Tatsache'' antes de introduzir ''Sachverhalt'' demandaria uma longa explicação” (''Schriften'', I, p. 275). Baseado nessa informação, Russell escreveu no prefácio da edição inglêsa (p. 9): “Os fatos que não são compostos de outros fatos é o que o Sr. Wittgenstein chama ''Sachverhalt'', enquanto que o fato constituído por dois ou mais fatos, é chamado ''Tatsache''. Assim, por exemplo, ‘Sócrates é sábio’ é Sachverhalt e também Tatsache, enquanto ‘Sócrates é sábio e Platão foi seu aluno’ é ''Tatsache'' mas não ''Sachverhalt''”. Basta, porém, confrontar a proposição 5.5571 para nos convencermos da falsidade da interpretação de Russell. É de notar que o problema dos elementos simples da realidade está estreitamente ligado ao problema das proposições elementares, devendo, portanto, ser colocado juntamente com a proposição 5.55. | |||
[[#2.0121|2.0121]] (3) — Meramente-possível: ''nur-möglich'', neologismo que serve para indicar que a noção de possibilidade, em Wittgenstein, não se confunde com a possibilidade desvencilhada dos fatos. | |||
[[#2.0251|2.0251]] — Coloridade: ''Färbigkeit'', indicando que não se trata simplesmente da côr, mas da possibilidade de os objetos serem coloridos. | |||
[[#2.06|2.06]] Realidade: ''Wirklichkeit'', a lingua alemã possui ''Realität'' e ''Wirklichkeit'', esta última palavra indicando a realidade efetiva. O contexto, no entanto, basta para indicar que sentido Wittgenstein dá a êsse têrmo, de modo que não foi preciso carregar a tradução com duas palavras para um único significado. | |||
[[#2.1|2.1]] — Figuração: ''Bild'', apesar do caráter ativo de “figuração”, inexistente em ''Bild'', preferimos essa palavra ao invés do têrmo neutro “imagem”, tendo em vista ser ela a única capaz de indicar todos os matizes do texto alemão. | |||
[[#3.24|3.24]] (3) — O mesmo prefixo ''ur'' foi traduzido diferentemente em ''Urbild'' (protofiguração) e ''Urzeichen'' (signo primitivo), e a isso fomos levados porque uma protofiguração é uma parte de um fato que, sòmente so ser completado, adquire uma função figurativa, enquanto o signo primitivo é um signo completo, que serve de ponto de partida para a cons trução do edifício simbólico. | |||
[[#3.261|3.261]] — A tradução freqüente dêsse ''über'' é “por meio de” (a tradução inglêsa emprega a palavra latina ''via''). Adotamos a tradução “por sôbre”, para nos manter fiel a um texto que diz expressamente que as definições apenas mostram o caminho cujo alcance vai além dos membros da expressão definidora. Convém lembrar que uma proposição elementar é constituída de nomes designando objetos, ligados uns aos outros como elos de uma cadeia. Essa possibilidade de vinculação, inscrita na própria natureza do objeto, faz com que o nome não designe um elemento autonomo, mas um elemento que se comporta como um ponto sempre prestes a se reunir a outro. Dêsse modo, os objetos designados pelos nomes possuem a mesma estrutura que a função proposicional no nível da linguagem; na proposição ''fa'', ''f'' e ''a'' são igualmente incompletos. É por isso que os signos da expressão definidora designam além de suas partes copresentes, sendo essencial, na designação, a necessidade de o símbolo vincular-se a outro, o que é sistemàticamente ocultado pelo processo de notação. | |||
[[#4.003|4.003]] — É preciso ter sempre presente que “absurdo” (''unsinnig'') está além de toda figuração possível. É absurda, pois, a proposição que diz respeito à estrutura interna da própria figuração ou à natureza dos fatos como tais, porquanto, a figuração afigura a ''maneira'' de os objetos formarem os fatos, nunca revelando sua dimensão ontológica. E, porém, desprovida de sentido (''sinnlos'') tôda proposição que, fazendo parte do simbolismo, deixa de afigurar na medida em que não estabelece os limites necessários à constituição do sentido (cf. 4.461). | |||
[[#4.0031|4.0031]] — Mauthner, Fritz (1849-1923), crítico e filósofo alemão que trabalhou particularmente na filosofia da linguagem. Sob certos aspectos seu pensamento se aproxima do logicismo de Russell, mas sus crítica da linguagem se orienta no sentido de privilegiar a dimensão estética da palavra em detrimento da dimensão propriamente epistemológica. | |||
[[#4.022|4.022]] (2) — E ''diz que'' isto ''está'' assim: “Und er ''sagt'', ''dass'' es sich so verhält”; essa expressão liga-se inegàvelmente à forma geral da proposição: “Es verhält sich so und so” (cf. 4.5), que traduzimos por “isto está do seguinte modo”. | |||
Devemos notar a referência à situação, ao conjunto de estados de coisas, tanto no sentido da expressão como no emprego do verbo ''sich verhalten''. | |||
[[#4.0311|4.0311]] — Esta é a única ocasião em que ''Bild'' não pode ser traduzida por ''figuração'', pois está a indicar um quadro formado por pessoas vivas, representando uma cena. | |||
[[#4.04|4.04]] — Cf. Hertz, ''The Principles of Mechanics'', trad. de D. E. Jones e J. T. Walley, Londres, Nova York, 1899. A filiação de certas idéias de Wittgenstein provenientes do físico Hertz foi estudada por James Griffin, ''Wittgenstein’s Logical Atomism'', Oxford University Press, pp. 99 e segs. Hertz de fato considera a elaboração de uma teoria física como a construção de um modelo da realidade que tenha com ela algo em comum, ambos possuindo a mesma multiplicidade, o mesmo número de coordenadas. | |||
[[#4.466|4.466]] — ''Cada'' união arbitrária: “''jede beliebige'' Verbindung”. O Prof. Andrés R. Raggio nos lembrou que “jede beliebige” é uma expressão freqüentemente usada na linguagem matemática para indicar “um qualquer”; e de fato, a distributividade de cada conferiria às várias uniões arbitrárias uma forma lógica que parece incompatível com o sentido do texto, em particular com o que segue no parágrafo posterior. No entanto, para não evitar outras interpretações possíveis, preferimos traduzir ''jede'' por ''cada'' e escrever esta nota. | |||
[[#5.2521|5.2521]] — Na notação de Frege, ''ξ'' indica uma variável em geral. | |||
[[#5.555|5.555]] — O axioma da infinidade de Russell formula-se da seguinte maneira: se ''n'' fôr um número cardinal indutivo qualquer, existe ao menos uma classe de indivíduos que tem ''n'' elementos. Número cardinal indutivo é o número cardinal visto da óptica de sua geração a partir de certos axiomas, dentre os quais está o princípio de indução finita (se uma propriedade ''p'' pertence a zero e, pertencendo a ''n'' fôr possível demonstrar que pertence a ''n'' + 1, então ''p'' pertence a todos os números), princípio cuja função é garantir que, para todo o conjunto de números, um número e seu sucessor possam possuir certas propriedades em comum. Suponhamos um universo de apenas 9 indivíduos; como um número não pode ter mais de um sucessor, o sucessor de 9 seria 10, uma classe vazia, que por isso seria também igual ao sucessor de 10, também uma classe vazia. Para evitar êsse paradoxo é que surge o axioma da infinidade, garantindo a existência das classes correspondentes a cada número ''n''. Isto pôsto, o número de objetos do mundo não é um número indutivo (cf. Russell, ''Introduction to Mathematical Philosophy'', cap. XII). | |||
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