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Se uma pessoa tivesse nascido «i se» «deixado nascer» livremente numa árvore de uma floresta: então haveria aqueles que selecionariam a árvore mais bela ou a mais alta, aqueles que escolheriam a mais baixa e aqueles que escolheriam uma árvore média ou menor que uma média; e entendo que eles o fariam não por filistinismo, mas pela razão, ou pelo tipo de razão, pelo qual o outro escolheu a mais alta. Que o sentimento que temos pela nossa vida seja comparável ao da pessoa que pôde escolher o seu ponto de vista no mundo, está na base, creio, do mito – ou da crença – de que escolhemos o nosso corpo antes do nascimento.{{hidden|<sup>107</sup>}} {{MS reference|(MS 110, p. 255)}} | Se uma pessoa tivesse nascido «i se» «deixado nascer» livremente numa árvore de uma floresta: então haveria aqueles que selecionariam a árvore mais bela ou a mais alta, aqueles que escolheriam a mais baixa e aqueles que escolheriam uma árvore média ou menor que uma média; e entendo que eles o fariam não por filistinismo, mas pela razão, ou pelo tipo de razão, pelo qual o outro escolheu a mais alta. Que o sentimento que temos pela nossa vida seja comparável ao da pessoa que pôde escolher o seu ponto de vista no mundo, está na base, creio, do mito – ou da crença – de que escolhemos o nosso corpo antes do nascimento.{{hidden|<sup>107</sup>}} {{MS reference|(MS 110, p. 255)}} | ||
Acredito que o característico do homem primitivo é que ele nunca age por causa de ''opiniões''{{hidden|<sup>108</sup>}} (contra Frazer). Leio, entre muitos exemplos semelhantes, sobre um Rei da Chuva, na África, a quem o povo roga por chuva ''quando chega o período das chuvas''.{{hidden|<sup>109</sup>}} Isso não significa, porém, que eles queiram propriamente dizer que ele possa fazer chover, se não eles o fariam no período mais seco do ano, em que a terra é ―a parched and arid desert‖ (um queimado e árido deserto). Pois ao se admitir que o povo, certa vez, por estupidez, criou este encargo para o Rei da Chuva, nesse caso fica certamente claro que eles já tinham antes a experiência de que a chuva começa em março, e então teriam{{hidden|<sup>110</sup>}} posto o Rei da Chuva para funcionar na parte restante do ano. Ou então: pela manhã, quando o sol estiver por nascer, os homens celebram{{hidden|<sup>111</sup>}} o rito da alvorada, mas não à noite, quando simplesmente acendem as lâmpadas.{{hidden|<sup>112</sup>}} | {{leftaside|ø\}} Acredito que o característico do homem primitivo é que ele nunca age por causa de ''opiniões''{{hidden|<sup>108</sup>}} (contra Frazer). Leio, entre muitos exemplos semelhantes, sobre um Rei da Chuva, na África, a quem o povo roga por chuva ''quando chega o período das chuvas''.{{hidden|<sup>109</sup>}} Isso não significa, porém, que eles queiram propriamente dizer que ele possa fazer chover, se não eles o fariam no período mais seco do ano, em que a terra é ―a parched and arid desert‖ (um queimado e árido deserto). Pois ao se admitir que o povo, certa vez, por estupidez, criou este encargo para o Rei da Chuva, nesse caso fica certamente claro que eles já tinham antes a experiência de que a chuva começa em março, e então teriam{{hidden|<sup>110</sup>}} posto o Rei da Chuva para funcionar na parte restante do ano. Ou então: pela manhã, quando o sol estiver por nascer, os homens celebram{{hidden|<sup>111</sup>}} o rito da alvorada, mas não à noite, quando simplesmente acendem as lâmpadas.{{hidden|<sup>112</sup>}} | ||
{{leftaside|ø}} Quando estou furioso com algo, bato às vezes minha bengala na terra ou contra uma árvore etc. Mas não acredito que a terra seja culpada ou que a bengala possa ajudar em algo. ―Descarrego minha fúria‖. E todos os ritos são desse tipo. Essas ações podem ser denominadas como ações {{MS reference|(MS 110, p. 297)}} instintivas. – E uma explicação histórica do que talvez eu ou os meus antepassados acreditaram antes, de que bater na terra ajudava em algo, são fantasmagorias, são hipóteses supérfluas que ''nada'' explicam.{{hidden|<sup>113</sup>}} O importante é a semelhança do ato com o meu ato de castigar; porém, mais do que essa semelhança, nada se pode constatar.{{hidden|<sup>114</sup>}} | |||
Uma vez que esse fenômeno é colocado em ligação com um instinto que eu mesmo possuo, então é precisamente esta a explicação {{udashed|desejada}} «{{udahsed|almejada}}»; isto é, aquela que resolve o puzzlement (perplexidade) particular «esta {{udashed|dificuldade}} particular». E uma reflexão «pesquisa posterior» sobre a história do meu instinto move-se em outros trilhos.{{hidden|<sup>115</sup>}} | Uma vez que esse fenômeno é colocado em ligação com um instinto que eu mesmo possuo, então é precisamente esta a explicação {{udashed|desejada}} «{{udahsed|almejada}}»; isto é, aquela que resolve o puzzlement (perplexidade) particular «esta {{udashed|dificuldade}} particular». E uma reflexão «pesquisa posterior» sobre a história do meu instinto move-se em outros trilhos.{{hidden|<sup>115</sup>}} | ||
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{{leftaside|ø\}} Não pode haver o menor fundamento, isto é, absolutamente nenhum ''fundamento'' para que certas raças humanas venerem o carvalho,{{hidden|<sup>116</sup>}} senão somente a de que eles e o carvalho estivessem unidos em uma comunidade de vida «simbiose»; portanto, não por opção mas porque «i uniram-se na sua origem», como a pulga e o cão. (Se as pulgas desenvolvessem um rito, ele estaria relacionado ao cão.) {surgiram juntos} | {{leftaside|ø\}} Não pode haver o menor fundamento, isto é, absolutamente nenhum ''fundamento'' para que certas raças humanas venerem o carvalho,{{hidden|<sup>116</sup>}} senão somente a de que eles e o carvalho estivessem unidos em uma comunidade de vida «simbiose»; portanto, não por opção mas porque «i uniram-se na sua origem», como a pulga e o cão. (Se as pulgas desenvolvessem um rito, ele estaria relacionado ao cão.) {surgiram juntos} | ||
{{leftaside|ø\}} Poder-se-ia dizer que não foi a sua união (entre o carvalho e o homem) o que deu motivo a esse rito, senão talvez a sua separação {senão, em certo sentido, a sua separação}.{{hidden|<sup>117</sup>}} | {{leftaside|ø\}} Poder-se-ia dizer que não foi a sua união (entre o carvalho e o homem) o que deu {{udashed|motivo}} a esse rito, senão talvez a sua separação {senão, em certo sentido, a sua separação}.{{hidden|<sup>117</sup>}} | ||
{{leftaside|ø\}} Pois o despertar do intelecto ocorreria com uma separação do ''solo'' originário, do fundamento originário da vida, de si. (O surgimento da ''escolha''.) | {{leftaside|ø\}} Pois o despertar do intelecto ocorreria com uma separação do ''solo'' originário, do fundamento originário da vida, {{udashed|de si}}. (O surgimento da ''escolha''.) {{MS reference|(MS 110, p. 298)}} | ||
{{leftaside|ø\}} (A forma do espírito que desperta é a veneração.){{hidden|<sup>118</sup>}} {{MS reference|(MS 110, p. 299)}}] | |||
{{leftaside|ø\}} (A forma do espírito que desperta é a veneração.){{hidden|<sup>118</sup>}} | |||
<span id="parte-ii">'''II. Teil'''</span> | <span id="parte-ii">'''II. Teil'''</span> | ||
[168 | [168{{hidden|<sup>119</sup>}} | ||
Isto, naturalmente, não quer dizer que o povo acredite que o soberano tenha tais poderes, e o soberano sabe muito bem que ele não tem, ou então ele só não sabe disso se for um imbecil ou um demente. É que a noção do seu poder é de tal modo estabelecida, que ela pode coincidir com a experiência – do povo e a sua. Que assim, de algum modo, a hipocrisia desempenha um certo papel, | Isto, naturalmente, não quer dizer que o povo acredite que o soberano tenha tais poderes, e o soberano sabe muito bem que ele não tem, ou então ele só não sabe disso se for um imbecil ou um demente. É que a noção do seu poder é de tal modo estabelecida, que ela pode coincidir com a experiência – do povo e a sua. Que assim, de algum modo, a hipocrisia desempenha um certo papel, {{MS reference|(MS 143, p. 1)}} só é verdadeiro na medida em que ela fica próxima da maioria das coisas que as pessoas fazem.{{hidden|<sup>120</sup>}} | ||
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só é verdadeiro na medida em que ela fica próxima da maioria das coisas que as pessoas fazem.{{hidden|<sup>120</sup>}} | |||
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Quando uma pessoa na nossa (ou melhor, na minha) companhia ri muito, eu pressiono quase espontaneamente os meus lábios, como se acreditasse que com isso ele poderia manter juntos os seus.{{hidden|<sup>122</sup>}} | Quando uma pessoa na nossa (ou melhor, na minha) companhia ri muito, eu pressiono quase espontaneamente os meus lábios, como se acreditasse que com isso ele poderia manter juntos os seus.{{hidden|<sup>122</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 2)}} | ||
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O absurdo consiste em que Frazer apresenta isso como se esses povos tivessem uma representação inteiramente falsa (ou até delirante) do curso da natureza, enquanto que eles só possuem uma interpretação peculiar dos fenômenos. Ou seja, se eles redigissem o seu conhecimento natural, não se diferenciaria ''fundamentalmente'' do nosso. Apenas a sua ''magia'' é diferente.{{hidden|<sup>124</sup>}} | O absurdo consiste em que Frazer apresenta isso como se esses povos tivessem uma representação inteiramente falsa (ou até delirante) do curso da natureza, enquanto que eles só possuem uma interpretação peculiar dos fenômenos. Ou seja, se eles redigissem o seu conhecimento natural, não se diferenciaria ''fundamentalmente'' do nosso. Apenas a sua ''magia'' é diferente.{{hidden|<sup>124</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 3)}} | ||
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―A network of prohibitions and observances of which the intention is not to contribute to his dignity...‖ (―Uma rede de proibições e observâncias cuja intenção não é contribuir para a sua dignidade...‖) Isto é verdadeiro e falso. Decerto não a dignidade da proteção da pessoa, mas sim – por assim dizer – a santidade natural da divindade nele.]{{hidden|<sup>126</sup>}} | ―A network of prohibitions and observances of which the intention is not to contribute to his dignity...‖ (―Uma rede de proibições e observâncias cuja intenção não é contribuir para a sua dignidade...‖) Isto é verdadeiro e falso. Decerto não a dignidade da proteção da pessoa, mas sim – por assim dizer – a santidade natural da divindade nele.]{{hidden|<sup>126</sup>}} | ||
Por simples que pareça: a diferença entre a magia e a ciência pode ser posta nos seguintes termos: | Por simples que pareça: a diferença entre a magia e a ciência pode ser posta nos seguintes termos: {{MS reference|(MS 143, p. 4)}} nesta existe um progresso, mas não na magia. Na magia não existe um rumo evolutivo que esteja nela mesma.{{hidden|<sup>127</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 5)}} | ||
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nesta existe um progresso, mas não na magia. Na magia não existe um rumo evolutivo que esteja nela mesma.{{hidden|<sup>127</sup>}} | |||
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Quanto mais verdade nisso, de que à alma seria dada a mesma multiplicidade que ao corpo, do que numa moderna teoria aguada.{{hidden|<sup>129</sup>}} | Quanto mais verdade nisso, de que à alma seria dada a mesma multiplicidade que ao corpo, do que numa moderna teoria aguada.{{hidden|<sup>129</sup>}} | ||
Frazer não nota que aqui temos diante de nós as doutrinas de Platão e Schopenhauer.{{hidden|<sup>130</sup>}} | Frazer não nota que aqui temos diante de nós as doutrinas de Platão e Schopenhauer.{{hidden|<sup>130</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 6)}} | ||
Reencontramos todas as teorias ingênuas (infantis) na filosofia atual; somente não com o encantamento da ingenuidade.{{hidden|<sup>131</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 7)}}] | |||
Reencontramos todas as teorias ingênuas (infantis) na filosofia atual; somente não com o encantamento da ingenuidade.{{hidden|<sup>131</sup>}} | |||
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614{{hidden|<sup>132</sup>}} | 614{{hidden|<sup>132</sup>}} | ||
Fora as semelhanças, o que mais chama a atenção me pareceria ser a diferença entre todos esses rituais. É uma variedade de rostos com feições comuns{{hidden|<sup>133</sup>}} que sempre ressurgem cá e lá. E o que se gostaria de fazer, é puxar a linha que liga os componentes comuns.{{hidden|<sup>134</sup>}} Então ainda falta uma parte da reflexão, e esta é aquela que conecta tal imagem com os nossos próprios sentimentos e pensamentos. Esta parte confere à reflexão a sua profundidade.{{hidden|<sup>135</sup>}} | Fora as semelhanças, o que mais chama a atenção me pareceria ser a diferença entre todos esses rituais. É uma variedade de rostos com feições comuns{{hidden|<sup>133</sup>}} que sempre ressurgem cá e lá. E o que se gostaria de fazer, é puxar a linha que liga os componentes comuns.{{hidden|<sup>134</sup>}} Então ainda falta uma parte da reflexão, e esta é aquela que conecta tal imagem com os nossos próprios sentimentos e pensamentos. Esta parte confere à reflexão a sua profundidade.{{hidden|<sup>135</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 8)}} | ||
Em todas essas práticas certamente vê-se algo que ''se assemelha'' com a associação de ideias e lhe é aparentado.{{hidden|<sup>136</sup>}} Poder-se-ia falar de uma associação de práticas. {{MS reference|(MS 143, p. 9)}} | |||
{{ | 618{{hidden|<sup>137</sup>}} | ||
Nada fala a favor de por que a fogueira deveria ser circundada com essa auréola. E que estranho, o que quer dizer na realidade ―parece provir do céu‖? De que céu? Não, não é de nenhum modo evidente que a fogueira venha a ser considerada assim – mas ela foi justamente considerada assim.{{hidden|<sup>138</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 10)}} | |||
Nada fala a favor de por que a fogueira deveria ser circundada com essa auréola. E que estranho, o que quer dizer na realidade ―parece provir do céu‖? De que céu? Não, não é de nenhum modo evidente que a fogueira venha a ser considerada assim – mas ela foi justamente considerada assim.{{hidden|<sup>138</sup>}} | |||
{{MS reference|(MS 143, p. 10)}} | |||
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Aqui a hipótese parece, antes de tudo, dar profundidade à coisa. E pode- se evocar a explicação da estranha relação de Siegfried e Brunilda na nova canção dos Nibelungos. A saber, que Siegfried parece já ter visto Brunilda uma vez antes. É claro agora que o que dá profundidade a esta prática é a sua ''conexão'' com a queima de uma pessoa.{{hidden|<sup>139</sup>}} Se fosse um costume de outro festival, em que os homens (como o jogo do cavaleiro e do corcel) cavalgam uns sobre os outros, então nada veríamos ali senão uma forma de transporte que lembra um homem andando a cavalo; — se, entretanto, soubéssemos que tinha sido o costume de muitos povos «i por exemplo» utilizar escravos como cavalgadura e assim celebrar certos festivais montados, então descobriríamos | Aqui a hipótese parece, antes de tudo, dar profundidade à coisa. E pode- se evocar a explicação da estranha relação de Siegfried e Brunilda na nova canção dos Nibelungos. A saber, que Siegfried parece já ter visto Brunilda uma vez antes. É claro agora que o que dá profundidade a esta prática é a sua ''conexão'' com a queima de uma pessoa.{{hidden|<sup>139</sup>}} Se fosse um costume de outro festival, em que os homens (como o jogo do cavaleiro e do corcel) cavalgam uns sobre os outros, então nada veríamos ali senão uma forma de transporte que lembra um homem andando a cavalo; — se, entretanto, soubéssemos que tinha sido o costume de muitos povos «i por exemplo» utilizar escravos como cavalgadura e assim celebrar certos festivais montados, então {{udashed|descobriríamos}} «{{udashed|veríamos}}» «{{udashed|encontraríamos}}» aqui agora, na prática inofensiva do nosso tempo, algo mais profundo e menos inofensivo. A pergunta é: esta coisa – digamos – tenebrosa se fixa à prática (em si) das fogueiras de Beltane, tal como ela foi executada há 100 anos, ou só quando a hipótese da sua origem fosse confirmada? Eu creio que isto é revelador da {{udashed|natureza}} interna {{MS reference|(MS 143, p. 11)}} da própria prática «moderna», que nos parece tenebroso, e de que para nós fatos conhecidos de sacrifícios humanos indicam apenas a direção em que devemos ver tal prática.{{hidden|<sup>140</sup>}} Quando falo da {{udashed|natureza}} interna da prática, me refiro a todas as circunstâncias pelas quais ela é executada e que não estão compreendidas no relato desse festival, pois elas não consistem tanto em determinadas ações que a caracterizam, quanto nas que se podem denominar como o espírito do festival,{{hidden|<sup>141</sup>}} que seria descrito quando se descreve, por exemplo, o tipo de gente que dele participa, seus outros tipos de ação, isto é, seu caráter; o tipo dos jogos que eles costumam jogar. Então se veria que o tenebroso está no próprio caráter desses homens.{{hidden|<sup>142</sup>}} {{MS reference|(MS 143, p. 12)}} | ||
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da própria prática «moderna», que nos parece tenebroso, e de que para nós fatos conhecidos de sacrifícios humanos indicam apenas a direção em que devemos ver tal prática.{{hidden|<sup>140</sup>}} Quando falo da natureza interna da prática, me refiro a todas as circunstâncias pelas quais ela é executada e que não estão compreendidas no relato desse festival, pois elas não consistem tanto em determinadas ações que a caracterizam, quanto nas que se podem denominar como o espírito do festival,{{hidden|<sup>141</sup>}} que seria descrito quando se descreve, por exemplo, o tipo de gente que dele participa, seus outros tipos de ação, isto é, seu caráter; o tipo dos jogos que eles costumam jogar. Então se veria que o tenebroso está no próprio caráter desses homens.{{hidden|<sup>142</sup>}} | |||
{{MS reference|(MS 143, p. 12)}} | |||
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Aqui, algo parece com os restos de um sorteio. E por esse aspecto, de repente, isso ganha profundidade.{{hidden|<sup>144</sup>}} Se percebêssemos que o bolo teve de ser assado «originalmente» com botões, possivelmente em honra do fabricante de botões «no seu aniversário», e que a prática tivesse sido conservada na região, então essa prática de fato perderia toda a ―profundidade‖, a não ser que ela residisse em si em sua forma presente.{{hidden|<sup>145</sup>}} No entanto, freqüentemente se diz num caso como esse: ―essa prática é ''evidentemente'' muito antiga‖. De onde se sabe disso? Só porque se tem testemunho histórico sobre esse tipo de práticas antigas? Ou tem ainda um outro fundamento, um que se adquire por interpretação? Contudo, mesmo quando é historicamente provada a origem pré-histórica da prática e a sua filiação a uma prática tenebrosa, ainda assim é possível que hoje a prática ''nada mais'' tenha em si de tenebrosa, que nada do antigo horror fique nela retida. Talvez hoje ela só seja praticada por crianças que competem em assar bolos e ornamentá-los com botões. | Aqui, algo parece com os restos de um sorteio. E por esse aspecto, de repente, isso ganha profundidade.{{hidden|<sup>144</sup>}} Se percebêssemos que o bolo teve de ser assado «originalmente» com botões, possivelmente em honra do fabricante de botões «no seu aniversário», e que a prática tivesse sido conservada na região, então essa prática de fato perderia toda a ―profundidade‖, a não ser que ela residisse em si em sua forma presente.{{hidden|<sup>145</sup>}} No entanto, freqüentemente se diz num caso como esse: ―essa prática é ''evidentemente'' muito antiga‖. De onde se sabe disso? Só porque se tem testemunho histórico sobre esse tipo de práticas antigas? Ou tem ainda um outro fundamento, um que se adquire por interpretação? Contudo, mesmo quando é historicamente provada a origem pré-histórica da prática e a sua filiação a uma prática tenebrosa, ainda assim é possível que hoje a prática ''nada mais'' tenha em si de tenebrosa, que nada do antigo horror fique nela retida. Talvez hoje ela só seja praticada por crianças que competem em assar bolos e ornamentá-los com botões. |