Tractatus Logico-Philosophicus (português): Difference between revisions

no edit summary
No edit summary
No edit summary
Line 176: Line 176:


'''2.1515''' Estas coordenações são, por assim dizer, antenas dos elementos da figuração, com as quais esta toca a realidade.
'''2.1515''' Estas coordenações são, por assim dizer, antenas dos elementos da figuração, com as quais esta toca a realidade.
'''2.16''' Os fatos, para serem figuração, devem ter algo em comum com o que é afigurado.
'''2.161''' Deve haver algo idêntico na figuração e no afigurado a fim de que um possa ser a figuração do
outro.
'''2.17''' O que a figuração realidade para poder correta ou falsamente deve ter em comum com a afigurar à sua maneira é sua forma de afiguração.
'''2.171''' A figuração pode afigurar qualquer realidade cuja forma ela possui.
A figuração espacial, tudo o que é espacial; a colorida, tudo que é colorido, etc.
'''2.172''' Sua forma de afiguração, contudo, a figuração não pode afigurar; apenas a exibe.
'''2.173''' A figuração representa seu objeto de fora (seu ponto de vista é sua forma de representação), por isso a figuração representa seu objeto correta ou falsamente.
'''2.174''' A figuração não pode, porém, colocar-se fora de sua forma de representação.
'''2.18''' O que cada figuração, de forma qualquer, deve sempre ter em comum com a realidade para poder afigurá-la em geral - correta ou falsamente - é a forma lógica, isto é, a forma da realidade.
'''2.181''' Se a forma da afiguração é a forma lógica, a figuração chama-se lógica.
'''2.182''' Tôda figuração ''também'' é lógica. (No entanto, nem tôda figuração é, por exemplo, espacial.)
'''2.19''' A figuração lógica pode afigurar o mundo.
'''2.2''' A figuração tem em comum com o afigurado a forma lógica da afiguração.
'''2.201''' A figuração afigura a realidade, pois representa uma possibilidade da subsistência e da não-subsistência de estados de coisas.
'''2.202''' A figuração representa uma situação possível no espaço lógico.
'''2.203''' A figuração contém a possibilidade da situação, a qual ela representa.
'''2.21''' A figuração concorda ou não com a realidade, é correta ou incorreta, verdadeira ou falsa.
'''2.22''' A figuração representa o que representa, independentemente de sua verdade ou falsidade, por meio da forma da afiguração.
'''2.221''' O que a figuração representa é o seu sentido.
'''2.222''' Na concordância ou na discordância de seu sentido com a realidade consiste sua verdade ou sua falsidade.
'''2.223''' Para reconhecer se uma figuração é verdadeira ou falsa devemos compará-la com a realidade.
'''2.224''' Não é possível reconhecer apenas pela figuração se ela é verdadeira ou falsa.
'''2.225''' Não existe uma figuração ''a priori'' verdadeira.
'''3''' Pensamento é a figuração lógica dos fatos.
'''3.001''' "Um estado de coisas é pensável" significa: podemos construir-nos uma figuração dêle.
'''3.01''' A totalidade dos pensamentos verdadeiros figuração do mundo.
'''3.02''' O pensamento contém a possibilidade da situação que êle pensa. O que é pensável também é possível.
'''3.03''' Não podemos pensar nada ilógico, porquanto, do contrário, deveríamos pensar ilògicamente.
'''3.031''' Já foi dito por alguém que Deus poderia criar tudo, salvo o que contrariasse as leis lógicas. Isto porque não podemos ''dizer'' como pareceria um mundo "ilógico".
'''3.032''' Representar na linguagem algo que "contrarie as leis lógicas" é tão pouco possível como representar, na geometria, por meio de suas coordenadas, uma figura que contrarie as leis do espaço; ou, então, dar as coordenadas de um ponto inexistente.
'''3.0321''' Podemos perfeitamente representar um estado de coisas espacial contrário às leis da física, nunca, porém, contrário às leis da geometria.
'''3.04''' Um pensamento correto ''a priori'' seria aquêle cuja possibilidade condicionasse sua verdade.
'''3.05''' Desse modo, só poderíamos conhecer ''a priori'' que um pensamento é verdadeiro se a verdade dêle fosse reconhecível a partir do próprio pensamento (sem objeto de comparação).
'''3.1''' Na proposição o pensamento se exprime sensível e perceptivelmente.
'''3.11''' Utilizamos o signo sensível e perceptível (signo sonoro ou escrito, etc.) da proposição como projeção da situação possível.
O método de projeção é o pensar do sentido da proposição.
'''3.12''' Chamo signo proposicional o signo pelo qual exprimimos o pensamento. E a proposição é o signo proposicional em sua relação projetiva com o mundo.
'''3.13''' A proposição pertence tudo que pertence à projeção, não, porém, o que é projetado.
Portanto, a possibilidade do que é projetado, não, porém, êste último.
A proposição, portanto, não contém seu sentido, mas a possibilidade de exprimi-lo.
("O conteúdo da proposição" quer dizer o conteúdo da proposição significativa.)
Está contida na proposição a forma de seu sentido, não, porém, seu conteúdo.
'''3.14''' O signo proposicional consiste em que seus elementos, as palavras, estão relacionados uns aos outros de maneira determinada.
O signo proposicional é um fato.
'''3.141''' A proposição não é uma mistura de palavras. (Do mesmo modo que o tema musical não é uma mistura de sons.)
A proposição é articulada.
'''3.142''' Sòmente fatos podem exprimir um sentido, uma classe de nomes não o pode.
'''3.143''' Que um signo proposicional seja um fato, isto é velado pela forma comum de expressão, escrita ou impressa.