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[[#2.1|2.1]] — Figuração: ''Bild'', apesar do caráter ativo de “figuração”, inexistente em ''Bild'', preferimos essa palavra ao invés do têrmo neutro “imagem”, tendo em vista ser ela a única capaz de indicar todos os matizes do texto alemão. | [[#2.1|2.1]] — Figuração: ''Bild'', apesar do caráter ativo de “figuração”, inexistente em ''Bild'', preferimos essa palavra ao invés do têrmo neutro “imagem”, tendo em vista ser ela a única capaz de indicar todos os matizes do texto alemão. | ||
[[#3.24|3.24]] (3) — O mesmo prefixo ''ur'' foi traduzido diferentemente em ''Urbild'' (protofiguração) e ''Urzeichen'' (signo primitivo), e a isso fomos levados porque uma protofiguração é uma parte de um fato que, sòmente so ser completado, adquire uma função figurativa, enquanto o signo primitivo é um signo completo, que serve de ponto de partida para a | [[#3.24|3.24]] (3) — O mesmo prefixo ''ur'' foi traduzido diferentemente em ''Urbild'' (protofiguração) e ''Urzeichen'' (signo primitivo), e a isso fomos levados porque uma protofiguração é uma parte de um fato que, sòmente so ser completado, adquire uma função figurativa, enquanto o signo primitivo é um signo completo, que serve de ponto de partida para a construção do edifício simbólico. | ||
[[#3.261|3.261]] — A tradução freqüente dêsse ''über'' é “por meio de” (a tradução inglêsa emprega a palavra latina ''via''). Adotamos a tradução “por sôbre”, para nos manter fiel a um texto que diz expressamente que as definições apenas mostram o caminho cujo alcance vai além dos membros da expressão definidora. Convém lembrar que uma proposição elementar é constituída de nomes designando objetos, ligados uns aos outros como elos de uma cadeia. Essa possibilidade de vinculação, inscrita na própria natureza do objeto, faz com que o nome não designe um elemento | [[#3.261|3.261]] — A tradução freqüente dêsse ''über'' é “por meio de” (a tradução inglêsa emprega a palavra latina ''via''). Adotamos a tradução “por sôbre”, para nos manter fiel a um texto que diz expressamente que as definições apenas mostram o caminho cujo alcance vai além dos membros da expressão definidora. Convém lembrar que uma proposição elementar é constituída de nomes designando objetos, ligados uns aos outros como elos de uma cadeia. Essa possibilidade de vinculação, inscrita na própria natureza do objeto, faz com que o nome não designe um elemento autônomo, mas um elemento que se comporta como um ponto sempre prestes a se reunir a outro. Dêsse modo, os objetos designados pelos nomes possuem a mesma estrutura que a função proposicional no nível da linguagem; na proposição ''fa'', ''f'' e ''a'' são igualmente incompletos. É por isso que os signos da expressão definidora designam além de suas partes copresentes, sendo essencial, na designação, a necessidade de o símbolo vincular-se a outro, o que é sistemàticamente ocultado pelo processo de notação. | ||
[[#4.003|4.003]] — É preciso ter sempre presente que “absurdo” (''unsinnig'') está além de | [[#4.003|4.003]] — É preciso ter sempre presente que “absurdo” (''unsinnig'') está além de tôda figuração possível. É absurda, pois, a proposição que diz respeito à estrutura interna da própria figuração ou à natureza dos fatos como tais, porquanto, a figuração afigura a ''maneira'' de os objetos formarem os fatos, nunca revelando sua dimensão ontológica. É, porém, desprovida de sentido (''sinnlos'') tôda proposição que, fazendo parte do simbolismo, deixa de afigurar na medida em que não estabelece os limites necessários à constituição do sentido (cf. 4.461). | ||
[[#4.0031|4.0031]] — Mauthner, Fritz (1849-1923), crítico e filósofo alemão que trabalhou particularmente na filosofia da linguagem. Sob certos aspectos seu pensamento se aproxima do logicismo de Russell, mas | [[#4.0031|4.0031]] — Mauthner, Fritz (1849-1923), crítico e filósofo alemão que trabalhou particularmente na filosofia da linguagem. Sob certos aspectos seu pensamento se aproxima do logicismo de Russell, mas sua crítica da linguagem se orienta no sentido de privilegiar a dimensão estética da palavra em detrimento da dimensão pròpriamente epistemológica. | ||
[[#4.022|4.022]] (2) — E ''diz que'' isto ''está'' assim: “Und er ''sagt'', ''dass'' es sich so verhält”; essa expressão liga-se inegàvelmente à forma geral da proposição: “Es verhält sich so und so” (cf. 4.5), que traduzimos por “isto está do seguinte modo”. | [[#4.022|4.022]] (2) — E ''diz que'' isto ''está'' assim: “Und er ''sagt'', ''dass'' es sich so verhält”; essa expressão liga-se inegàvelmente à forma geral da proposição: “Es verhält sich so und so” (cf. 4.5), que traduzimos por “isto está do seguinte modo”. | ||
Devemos notar a referência à situação, ao conjunto de estados de coisas, tanto no sentido da expressão como no | Devemos notar a referência à situação, ao conjunto de estados de coisas, tanto no sentido da expressão como no emprêgo do verbo ''sich verhalten''. | ||
[[#4.0311|4.0311]] — Esta é a única ocasião em que ''Bild'' não pode ser traduzida por ''figuração'', pois está a indicar um quadro formado por pessoas vivas, representando uma cena. | [[#4.0311|4.0311]] — Esta é a única ocasião em que ''Bild'' não pode ser traduzida por ''figuração'', pois está a indicar um quadro formado por pessoas vivas, representando uma cena. | ||
[[#4.04|4.04]] — Cf. Hertz, ''The Principles of Mechanics'', trad. de D. E. Jones e J. T. Walley, Londres, Nova York, 1899. A filiação de certas idéias de Wittgenstein provenientes do físico Hertz foi estudada por James Griffin, ''Wittgenstein’s Logical Atomism'', Oxford University Press, pp. 99 e segs. Hertz de fato considera a elaboração de uma teoria física como a construção de um | [[#4.04|4.04]] — Cf. Hertz, ''The Principles of Mechanics'', trad. de D. E. Jones e J. T. Walley, Londres, Nova York, 1899. A filiação de certas idéias de Wittgenstein provenientes do físico Hertz foi estudada por James Griffin, ''Wittgenstein’s Logical Atomism'', Oxford University Press, pp. 99 e segs. Hertz de fato considera a elaboração de uma teoria física como a construção de um modêlo da realidade que tenha com ela algo em comum, ambos possuindo a mesma multiplicidade, o mesmo número de coordenadas. | ||
[[#4.466|4.466]] — ''Cada'' união arbitrária: “''jede beliebige'' Verbindung”. O Prof. Andrés R. Raggio nos lembrou que “jede beliebige” é uma expressão freqüentemente usada na linguagem matemática para indicar “um qualquer”; e de fato, a distributividade de cada conferiria às várias uniões arbitrárias uma forma lógica que parece incompatível com o sentido do texto, em particular com o que segue no parágrafo posterior. No entanto, para não evitar outras interpretações possíveis, preferimos traduzir ''jede'' por ''cada'' e escrever esta nota. | [[#4.466|4.466]] — ''Cada'' união arbitrária: “''jede beliebige'' Verbindung”. O Prof. Andrés R. Raggio nos lembrou que “jede beliebige” é uma expressão freqüentemente usada na linguagem matemática para indicar “um qualquer”; e de fato, a distributividade de cada conferiria às várias uniões arbitrárias uma forma lógica que parece incompatível com o sentido do texto, em particular com o que segue no parágrafo posterior. No entanto, para não evitar outras interpretações possíveis, preferimos traduzir ''jede'' por ''cada'' e escrever esta nota. |